Nesse post sintético quero expressar apenas a metalinguagem de versos diversos resgatados de 26 de maio de 1992, quando Harley era meu aluno e eu escrevia em um caderno azul repleto de desenhos de Coqueiro. Seria um post para o Poetopias, mas resolvi publicá-lo como invicioneiro de estilo múltiplo que (meus leitores bem o sabem) tenho sido.
Para escrever no espaço branco
minha metalinguagem estética
proíbe-me de avançar no espaço
de alcançar o anseio
o meio mais fugaz de fugir
do encontro cruel
que não poderei evitar eternamente
o momento afinal é de luta
o momento afinal é de dor
a lágrima e a falta de culpa
a angústia o momento
o amor
foi destruído
podem ser encontradas
no espaço vazio do meu coração
as pessoas não copiam
porque não compreendem a lição
que passo no quadro de giz
que passo no quadro
minha dor desloca-se em voos de perdiz
minha dor é um ser alado...
para escrever no espaço branco
devo crescer com a dor que isso me traz
aprender com a palavra professora
como a poesia aluna rebelde
como a luz aprende com a sombra
como a lágrima ensina a sorrir
busco as dimensões do sono
para fugir do abandono
sei de meus limites todos
porém ultrapasso minhas fronteiras
minha angústia não tem barreiras
todo rio contorna seus obstáculos
nada pode detê-lo
enquanto houver água
todo homem mantém seu orgulho forte
nada pode vencê-lo
enquanto houver mágoa
todo homem todo rio toda luta
todo rio supera
todo homem contorna
enquanto houver água
enquanto houver mágoa
enquanto houver lágrima
6 comentários :
Gostei, mas achei o ritmo muito corrido, talvez se em uma estrofe você desse uma pausa e um destaque maior para os "enquanto", com uma distância maior entre eles e as demais estrofes, ficasse mais imponente o final...
26 de maio de 2010 às 17:20[]'s
"minha dor desloca-se em voos de perdiz
26 de maio de 2010 às 17:26minha dor é um ser alado..."
E já se passaram quase vinte anos...
Já se passaram vinte anos... Caro amigo Harley, somos surpreendidos pelo tempo, esse inexorável senhor.
26 de maio de 2010 às 20:10O tempo pode passar, mas as palavras ficam. Belíssimo poema.
26 de maio de 2010 às 22:52Lembro-me com saudosismo do ano de 1992, uma pena o mestre ter esquecido que nessa época eu também era seu aluno, apenas um lapso que em nada compromete a beleza das palavras de seu poema.
27 de maio de 2010 às 09:07Devo muito do que aprendi da nossa língua pátria, ao professor Ernane, um mestre na acepção da palavra.
Os versos de Manuel Bandeira, presentes no nosso livro de Português e Literatura, ainda estão vivos na minha mente: "Vou-me embora pra Pasárgada;Lá sou amigo do rei;Lá tenho a mulher que eu quero;Na cama que escolherei." Parece que foi ontem...
Caro amigo Zé Márcio, antecipando-lhe a homenagem, não me esqueceria jamais de alunos, digo, amigos marcantes como vocês. O próximo post, que lhe anteciparei via e-mail, falará disso.
27 de maio de 2010 às 10:02ImprenÇa Blog, agradeço as dicas de estilo.
crazyseawolf, agradeço a visita e o elogio.
Postar um comentário
# Antes de comentar, leia o artigo;
# Os comentários deverão ter relação com o assunto;
# Pode criticar a vontade, inclusive o blogueiro;
# Comentários ofensivos ou pessoais serão sumariamente deletados;
# As opiniões nos comentários não refletem a opinião do blog e são de inteira responsabilidade dos seus autores;
Twitter Trackbacks