Lendo uma coluna do Ivan Martins, editor executivo da revista Época, deparei-me com um tema muito interessante: como os homens lidam com o envelhecimento. A coluna intitulada “Homens também envelhecem” desperta-nos para o fato de os homens somos despreparados para lidar com a questão do envelhecimento muito mais que as mulheres.
Em uma análise superficial, fica sempre a impressão de que a mulher preocupa-se mais com o envelhecimento, especialmente com a questão estética consequente dos anos acumulados. Quanto ao lado masculino, esses impactos costumam ser atenuados sobretudo pela generosidade da mulher, que não nos exige tanto quanto de si próprias. E isso vem pesar para nós tardiamente, quando percebemos o quanto estamos decadentes, em todos os sentidos.
O texto nos serve como reflexão acerca de nosso papel como maridos, namorados, companheiros, muitas vezes negligenciado. É preciso não exigirmos das mulheres o que não exigiremos de nós mesmos. Nossa parceira na vida deve ser respeitada mesmo quando os anos arrancarem dela o brilho externo da beleza física. Procuremos descobrir nela outras belezas que desconhecemos ao longo dos anos de convivência e, como recém-enamorados, perceber que aquilo que verdadeiramente une um homem e uma mulher não é visível, mas sensível.
Para concluir mais um pequenino post, deixo versos, como um ramalhete de flores:

“Envelhecendo
percebo que os anos passam para mim
inexoravelmente
mas que preciso conhecer estas ruínas
tenho que mergulhar nos sumidouros
de mim
redescobrir olhares antigos que o tempo levou
abstrair minhas emoções remotas
que fiquei a ver pelas vitrines dos anos
e com a visão esmaecida e os dedos na boca
encontrar-lhe, mulher,
que virá cuidar de mim com carinhos e antissépticos
recapturando os sentimentos que se calaram
buscando na lama as frágeis intenções
que se foram pelos anos
voltar então às extremidades do copo que esvaziei
e enchê-lo novamente de esperança
enquanto você, mulher-amor,
resgata a minha vida
fazendo-me jovem
novamente...
Sobre o Autor:
| The EDN - sou industriário, trabalho há 27 anos na Cedro (indústria têxtil centenária de Caetanópolis, MG) e atuo como professor há 24 anos em escolas particulares e públicas |
4 comentários :
Eu me programei para encarar a velhice como uma etapa inarredável como a morte.
23 de junho de 2010 às 11:43Na minha tormentosa fase adolescente, cheguei a acreditar que "morreira antes de ficar velho", como diz a letra de "My Generation", clássico sessentista do The Who.
Hoje, aos 40, acredito que realmente o homem (sexo masculino) jamais deixa de ser um menino...
Linda poesia. Sua sensibilidade sempre me encanta... Penso que no envelhecimento não podemos mesmo perder o amor que tivemos, que temos e dar muito amor a todos que estiverem conosco no caminho.
23 de junho de 2010 às 11:45Coqueiro, acredito piamente na infantilidade masculina como uma forma de resgate de nossa essência humana. O homem muitas vezes chega a uma etapa da vida achando que não é a "imagem e semelhança de Deus". Ele acha que é Deus. Neste momento, é hora de retroagir e encontrar o árduo caminho da humildade. Isso absolutamente ocorreu comigo e, sinceramente, tento trilhar esse trajeto difícil em busca desse encontro comigo mesmo. A mulher é para mim um paradigma de humildade. Desde minha mãe, passando por minhas irmãs e, é claro, por minha esposa, a mulher da minha vida.
24 de junho de 2010 às 07:59Jô Angel, agradeço deveras as palavras de incentivo e a leitura dos meus toscos versos e posts ingênuos. É sempre uma grande honra receber sua visita neste espaço invicioneiro. E você disse a verdade: a fonte da juventude existe e dela jorra o amor, esse inexplicável.
tenho 53 anos e odeio a velhice
14 de agosto de 2010 às 16:08Postar um comentário
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