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Santos Reis

Isolation

domingo, 1 de maio de 2011

 

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Nas minhas agora cotidianas viagens entre Caetanópolis e Sete Lagoas, passo cerca de 50 minutos dentro de um ônibus, que leva passageiros da vizinha Paraopeba também. Às vezes, leio alguma coisa. Mas, na maior parte do tempo, fico observando o que ocorre ao meu redor. Há dias que o veículo encontra-se lotado. Noutras, nem tanto. Em todos os dias, porém, é possível perceber como as pessoas preferem o isolamento.

 

 

Caetanópolis e Paraopeba representam as típicas cidades interioranas mineiras, com suas tradições e uma cultura peculiar. Digo que Sete Lagoas, embora seja uma das maiores cidades de Minas (e a que mais vem crescendo), também possui tais características. As pessoas que trafegam nessas viagens pertencem, em sua maioria, a essas três cidades.

 

 

Esse isolamento que percebo manifesta-se de três maneiras básicas:

* a preferência por sentar-se sozinho, colocando na poltrona do lado algum objeto que “diga” ao outro que não quer companhia;

* fechar os olhos fingindo dormir ou olhar para a paisagem da janela o tempo todo;

* simplesmente ignorar a presença do outro.

 

 

Muitas vezes, acho triste ouvir apenas o ruído do motor do veículo e dos solavancos, enquanto as vozes que ouço invariavelmente são de alguém ao telefone celular. Praticamente ninguém conversa com o passageiro ao lado. Compreendo que o paradoxo da vida clip_image001moderna esteja inexoravelmente presente. Mesmo com tanta evolução dos meios de comunicação, o homem tem se distanciado cada vez mais um do outro. É interessante perceber que, já com meus 45 anos de vida, não consigo assimilar esse tipo de comportamento, mesmo não sendo daquelas pessoas que se digam expansivas. Muito pelo contrário. Sou extremamente tímido, meio fechado às relações imediatas.

 

 

Relato nesse post uma percepção de um mundo moderno, preocupado com o rumo que as coisas tomam. Tenho uma responsabilidade como pai, educador, administrador e cidadão no sentido de influenciar as pessoas e isso é algo que quero sempre fazer com a intenção de torná-las melhor.

 

 

Admiro muitas pessoas que deixaram marcas positivas de sua existência e, para ilustrar esse post, quero deixar aos leitores uma música de John Lennon, cuja maior interpretação, para mim, é a de Joe Cocker: “Isolation”.

 

 

Isolation

John Lennon

 

 

People say we got it made don't they know we're so afraid

we're afraid to be alone, everybody got to have a home

Isolation

 

 

Just a boy and a little girl

trying to change the whole wide world

Isolation

 

 

All the world is a little town

everybody trying to put us down

Isolation

 

 

I don't expect you to understand

after you caused so much pain

But the again you're not to blame

your just a human, a victim of the insane

We're afraid of everyone, afraid of the sun

Isolation

 

 

The Sun will never disappear

but the world my not have many years

Isolation

 

 

 

Isolamento

 

As pessoas dizem que temos a vida boa, não entendem que estamos tão amedrontados?

Temos medo de ficarmos sós , todo mundo precisa de um lar

Isolamento

 

 

Apenas um menino e uma menina pequena

Tentando mudar o mundo inteiro

Isolamento

 

 

O mundo é apenas uma pequena cidade

Todo mundo tentando nos diminuir

Isolamento

 

 

Não espero que vocês entendam

depois de terem causado tanta dor

Mas de novo, você não é culpado

Você é apenas um humano, uma vítima do insano

Estamos com medo de todo mundo, com medo do sol

Isolamento

 

 

O sol jamais irá desaparecer

mas o meu mundo não pode ter tantos anos

Isolamento

 

 

Sobre o Autor:
The EDN

The EDN - sou industriário, trabalho há 27 anos na Cedro (indústria têxtil centenária de Caetanópolis, MG) e atuo como professor há 24 anos em escolas particulares e públicas

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9 comentários :

Josy disse... Responder comentário

Lindo!Várias verdades."O sol jamais irá desaparecer" é nossa esperança para sobrevivermos às agruras do dia-a-dia não é mesmo? Abraços.

1 de maio de 2011 às 12:13
Anônimo disse... Responder comentário

Me senti tão sozinho lendo isso ... :( #Isolation

1 de maio de 2011 às 15:12
Anônimo disse... Responder comentário

Meu caro Ernane.
Seu relato é bastante pertinente e é fácil perceber esse isolamento crescente do ser humano no nosso dia-a-dia. Um egoismo sem precedente. Onde vamos parar? Será que no futuro ficaremos até isolados dos nossos entes queridos? Uma idéia exagerada, mas aterrorizante.

1 de maio de 2011 às 19:07
Ana Flor disse... Responder comentário

Se você fosse mulher, teria sempre um engraçadinho pra puxar papo ou, por "descuido", dormir e se encostar em você. Por isso, prefiro sim o isolamento: olhar para a janela é ótimo.

Mas entendo a sua reflexão e aqui em Brasília ela é muito pertinente: não conhecemos nem nossos vizinhos de andar. Cada um anda em seu próprio carro, inclusive pessoas que moram na mesma quadra e trabalham no mesmo lugar.

Talvez essa seja uma das causas desta cidade ser uma das campeãs em suicídio no Brasil.

1 de maio de 2011 às 19:42
Harley Coqueiro disse... Responder comentário

Eu, na maioria das vezes, também prefiro viajar em silêncio de monastério e cochilando a viagem toda. Ao menos que encontre outro atleticano sofredor para ir de Caetanópolis a Sete Lagoas (e vice-versa) falando de nosso Galo!

Parafraseando a campanha de uma empresa de telefonia móvel: "O isolamento nos conecta".

PS: a banda inglesa Joy Division também tem uma música chamada "Isolation", cuja letra também é um poema clássico sobre a depressão e isolamento. Confira!

1 de maio de 2011 às 21:59
The EDN disse... Responder comentário

Jô Angel, Lennon sabia muito bem o que dizia ao compor essa música, quando sentia já o que seria a dissolução dos meninos de Liverpool.
Zé Reinaldo, é triste perceber isso e como até nós mesmos não conseguimos interagir com o outro, ainda que tentemos. Muitas vezes, arrisco puxar conversa com alguém do lado, mas não funciona.
Ana Flor, as mulheres realmente são mais visadas pelos engraçadinhos, mas o ponto em questão realmente é o que você colocou depois: esse isolamento não é apenas nos veículos de transporte de passageiros, mas em todos os lugares.
Amigo Coqueiro, conheço a música do Joy Division e ela ilustrari amuito bem esse post:

"Amedrontado todo dia, toda noite,
Ele a chama em voz alta de cima
Cuidadosamente espreitando por uma razão,
Meticulosa devoção e amor
Renunciou à auto-preservação
Dos outros que apenas importam-se consigo
Uma cegueira que toca a perfeição,
Mas machuca como qualquer outra coisa.

Isolamento, isolamento, isolamento.

Mãe, eu tentei, por favor, acredite em mim,
Estou fazendo o melhor que posso.
Me envergonha as coisas que tenho feito,
Me envergonha a pessoa que sou.

Isolamento, isolamento, isolamento

Mas se você apenas pudesse ver a beleza,
Destas coisas que eu nunca poderia descrever,
Destes prazeres - caprichosos, distrativos
Este é o meu único prêmio da sorte

Isolamento, isolamento, isolamento..."

3 de maio de 2011 às 08:21
Harley Coqueiro disse... Responder comentário

Das duas canções, eu grifo os versos:

"O mundo é apenas uma pequena cidade
Todo mundo tentando nos diminuir"
("Isolation" by Lennon)

"Mãe, eu tentei, por favor, acredite em mim,
Estou fazendo o melhor que posso.
Me envergonha as coisas que tenho feito,
Me envergonha a pessoa que sou."
("Isolation" by Ian Curtis)


Ah, belo "post"!!!

3 de maio de 2011 às 09:06
Renato disse... Responder comentário

Muito bem!
Concordo com tudo que você falou e também sinto isso nas minhas viagens de ônibus, confesso que também costumo colocar objetos do meu lado ou coloco um fone de ouvido para ouvir musicas, mas acho que também não é bem não querer conversar ou interagir com alguém, que utilizo estes momento para pensar nos problemas e assim achar uma solução para eles!
Incrível esse post, parabéns mais uma vez!!!
Renato Drumond

9 de maio de 2011 às 21:53
The EDN disse... Responder comentário

@Renato
Valeu, Renato! O isolamento, na verdade, permite-nos de fato a reflexão. Pelo menos você aproveita esse momento. Eu estou entrando nessa também. A cada dia me isolo mais.

29 de maio de 2011 às 16:36

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