Surpreendeu-me outro dia uma pessoa: o trocador do ônibus era uma figura estranha, que não correspondia a nenhum estereótipo. De uma fina educação e simpatia, sempre atendia a todos com um bom dia, mesmo que não fosse correspondido pela maioria dos passageiros.
Esse personagem representou para mim alguém capaz de mudar as coisas com suas atitudes. Fez-me lembrar também um texto que li há vários anos, de autor desconhecido por mim: “O monge e o escorpião”. Transcrevo-o abaixo:
O monge e o escorpião
Monge e discípulos iam por uma estrada e, quando passavam por uma ponte, viram um escorpião sendo arrastado pelas águas. O monge correu pela margem do rio, meteu-se na água e tomou o bichinho na mão. Quando o trazia para fora, o bichinho o picou e, devido à dor, o homem deixou-o cair novamente no rio.
Foi então a margem tomou um ramo de árvore, adiantou-se outra vez a correr pela margem, entrou no rio, colheu o escorpião e o salvou. Voltou o monge e juntou-se aos discípulos na estrada. Eles haviam assistido à cena e o receberam perplexos e penalizados.
— Mestre, deve estar doendo muito! Porque foi salvar esse bicho ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos! Veja como ele respondeu à sua ajuda! Picou a mão que o salvara! Não merecia sua compaixão!
O monge ouviu tranquilamente os comentários e respondeu:
— Ele agiu conforme sua natureza, e eu de acordo com a minha.
Esta parábola nos faz refletir a forma de melhor compreender e aceitar as pessoas com que nos relacionamos. Não podemos e nem temos o direito de mudar o outro, mas podemos melhorar nossas próprias reações e atitudes, sabendo que cada um dá o que tem e o que pode. Devemos fazer a nossa parte com muito amor e respeito ao próximo. Cada qual conforme sua natureza, e não conforme a do outro.
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É uma parábola interessante. Mudamos muitas vezes o que somos superficialmente e nos esquecemos de nossa essência. Mesmo enfrentando o mau humor matinal (refiro-me ao ônibus das 06h15min da manhã) dos passageiros, inclusive porque é um horário muito cheio e vários passageiros ficam de pé, o trocador não perde a educação e mantém-se solícito e gentil. É a sua essência...
A vida nos conduz a sermos diferentes, mas é sempre uma escolha nossa sermos de um jeito ou de outro. Mas não importa o jeito que somos, desde que isso não prejudique o outro. Esse é o meu pensamento. Pode parecer piegas, mas não é meu interesse dar lição de moral. Tenho muitos pecados por expiar. Mas eu sempre quis ser um cara bacana como esse trocador...
Sobre o Autor: The EDN - sou industriário, trabalho há 27 anos na Cedro (indústria têxtil centenária de Caetanópolis, MG) e atuo como professor há 24 anos em escolas particulares e públicas |
3 comentários :
Retornou de forma triunfante heim companheiro? Belíssima história e brilhante complemento. Uma lição de vida.
8 de setembro de 2011 às 10:38Caro Zé Márcio, as coisas estão meio complicadas... Mudança de função na empresa, férias adiadas, novas responsabilidades e desafios, tempo curto para criar e muito estresse. Mas não abro mão da leitura assíduo deste espaço que me tem proporcionado apenas coisas boas. Tenho orgulho de ser invicioneiro...
8 de setembro de 2011 às 11:44Avante, EDN, é de sua natureza ser um invicioneiro pela vida.
8 de setembro de 2011 às 12:11Postar um comentário
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