Movimento estudantil não é novidade no Brasil, remonta do final da década de 60, para nos inteirarmos um pouco sobre o tema é essencial uma viagem na história.
Desde 67, o movimento estudantil tornou-se a principal forma de oposição ao regime militar. Nos primeiros meses de 68, várias manifestações tinham sido reprimidas com violência. O movimento estudantil manifestava-se não apenas contra a ditadura, mas também à política educacional do governo, que revelava uma tendência à privatização. A política de privatização tinha dois sentidos: era o estabelecimento do ensino pago (principalmente no nível superior) e outro, o direcionamento da formação educacional dos jovens para o atendimento das necessidades econômicas das empresas capitalistas (mão de obra especializada).
Essas expectativas correspondiam a forte influência norte-americana exercida através de técnicos da USAID que atuavam junto ao MEC por solicitação do governo brasileiro, gerando uma série de acordos que deveriam orientar a política educacional brasileira. As manifestações estudantis foram os mais expressivos meios de denúncia e reação contra a subordinação brasileira aos objetivos e diretrizes do capitalismo norte-americano.
Prisões e arbitrariedade eram as marcas da ação do governo em relação aos protestos dos estudantes, e essa repressão atingiu seu apogeu no final de março com a invasão do restaurante universitário "calabouço", onde foi morto Edson Luís, de 17 anos.
O fato, que comoveu e revoltou todo o país, serviu para acirrar os ânimos e fortalecer a luta pelas liberdades. Durante o velório do estudante, o confronto com policiais ocorreu em várias partes do Rio de Janeiro, sendo que o cortejo fúnebre foi acompanhado por 50 mil pessoas. Nos dias seguintes, manifestações sucediam-se no centro da cidade, com repressão crescente até culminar na missa da Candelária (2 de abril), em que soldados a cavalo investiam contra estudantes, padres, repórteres e populares.
Ironicamente, no final da década de 70, apesar das principais organizações estarem em pleno funcionamento, o movimento estudantil universitário havia perdido sua força e prestígio político. Desde o final da ditadura militar, a importância do movimento estudantil tem declinado significativamente. Em 1992, o amplo movimento social de oposição ao presidente Fernando Collor de Mello fez ressurgir o movimento estudantil, mas apenas por um breve período. [Fontes: Historianet e Uol]
E afinal o querem os estudantes da USP? Em nota oficial no site do Diretório Central dos Estudantes Livre Alexandre Vannucchi Leme (DCE), o grupo, intitulado "Movimento de Ocupação", pediu a revogação do convênio com a Política Militar, a "garantia de autonômia nos espaços estudantis" e a retirada de "todos os processos criminimais e administrativos contra @s estudantes, professores e funcionári@s" (sic).
Essa celeuma toda começou na noite do dia 27, após a PM flagrar três alunos portando maconha. No momento em que os policiais foram levar o trio para a delegacia, foram impedidos por estudantes.
Ora, armar um aranzel desses simplesmente porque 3 maconheiros foram detidos? Faça-me o favor, chega a ser uma afronta aos abnegados membros de movimentos estudantis das décadas passadas, a atitude desses cidadãos. Os ideais de luta atuais são de uma idiotice sem precedentes.
Não se trata aqui de condenar ou absolver o tratamento dado aos estudantes pela PM, não sei se ouve abusos ou não na retomada da Universidade. Fato é que a motivação para tal ocupação é uma vergonha para nós brasileiros. Com tanta coisa importante para reivindicar no tocante essencialmente à educação no país. Estamos perdendo um precioso tempo discutindo a presença ou não da PM no Campus da USP. Ora, os abusos, os crimes e as contravenções devem ser punidos com o rigor da lei, sejam eles onde ocorrerem. O fato de ser estudantes de uma das principais universidades do país, não dá a esses cidadãos imunidade irrestrita.
O que eu quero dizer é que lutávamos por causas nacionais e então pra gente entrar já no assunto, fico pensando: armar aquela palhaçada toda dentro da reitoria da USP porque a PM prendeu dois maconheiros ou três, sei lá? Maconheiro da USP é moleque que vai pra cadeia assina um papel e sai. [Luiz Ceará]
Fico aqui pensando nesses rebeldes sem causa, ali estão futuros profissionais que em breve estarão no mercado. O que esperar de uma geração que não possui ideais, que causam uma revolta generalizada, quebradeira e depredação, simplesmente porque alguns colegas não puderam pitar os seus “baseados”.
Essas pobres crianças precisam de apoio. Talvez, eventualmente, uma bomba de gás e um cassetete civilizatório, só pra dispersar e impedir que viaturas policiais sejam incendiadas por causa de um baseado. Coisa leve, pedagógica, só para contar com orgulho para os netinhos.
Ser juventude transviada não é para qualquer geração. Nem todos têm a cara limpa, muito menos a cara pintada com as cores da bandeira. Já a babaquice é atemporal, não precisa de preparo, basta rastejar e colher. Numa universidade pública, então, na melhor do país, é preciso um certo esforço para ser cretino. Parabéns a todos os envolvidos. [Marco Antonio Araujo]
Numa hora dessas eu sinto uma vergonha danada de ser brasileiro. Imaginem só essa notícia correndo o mundo. Já não somos bem vistos em muitos países, principalmente por pensarem que o país é uma baderna. Nada mais justo do que os tais estudantes da USP contribuírem com essa imagem, levando ao mundo a sua falta do que fazer.
O que esperar de uma geração que não possui ideais construtivistas, que protestam por causas totalmente infundadas? Sinceramente, não sei. Só acho que eles poderiam usar melhor o tempo ocioso, e eles demonstram ter de sobra, para fazer algo produtivo para o povo brasileiro, ao invés de perder tempo com coisas tão fúteis. Poderiam aproveitar esse arroubo de rebeldia e subversão juvenil para lutar por alguma coisa que fato valha a pena e não perder tempo com manifestações imbecis em desagravo a prisão de 3 maconheiros.
Na verdade esse malucos estão deturpando as causas estudantis com objetivos totalmente estapafúrdios. Nosso passado discente não merece essa vergonha!
Por fim, esses moleques não passam de crianças mimadas e birrentas que precisam de um corretivo rápido, antes que seja tarde.
Mais sobre o tema: Balanço da invasão da FFLCH
Sobre orkutização: A Orkutização e os Rótulos
Sobre o Autor:
![]() | José Márcio - Editor Chefe dos Invicioneiros, leitor voraz e aprendiz de escritor.Tem opinião e assume os riscos Saudosista dos anos 80. E palpiteiro inveterado. Me Siga no Twitter [@jmpsousa]. |
4 comentários :
Caro José:
10 de novembro de 2011 às 20:39Talvez estivesse sendo necessária uma leitura mais completa do quadro, sem que nos deixemos influenciar pelo julgamento rasteiro do movimento, que ora está sendo feito pela midia em geral. Talvez este link possa ajudar.
http://ultimosegundo.ig.com.br/colunistas/mateusprado/conflitos-na-usp-vao-alem-da-presenca-da-policia-no-campus/c1597362040642.html
Não quero de maneira nenhuma minimizar o ato irresponsável dos rapazes que estavam erroneamente fumando maconha no campus, mas os outros alunos talvez tenham usado o fato apenas como estopim de um barril de pólvora criado por um processo bem pouco democrático que é feito hoje para a escolha do reitor da USP. Dá uma olhada no link, e vê o tipo de gente que estão escolhendo para gerenciar uma Universidade paga principalmente com o dinheiro arrecadado com ICMS no Estado de São Paulo.
Acho que o debate deveria ser feito neste nível, e não sobre "uns burguesinhos querendo fumar maconha livremente no campus da USP"
Abraço
#Jairo Grossi, acho que em ocasiões como esta é necessário uma certa cautela para opinarmos sobre o assunto. Tenho por hábito ler várias matérias a respeito do tema que vou abordar, acho importante verificar os dois lados da moeda em todas as ocasiões.
11 de novembro de 2011 às 08:47No caso em tela não foi diferente, li várias opiniões, inclusive a que você mencionou. Ocorre que na referida "revolução" e você há de concordar, o intento se é que houve, foi ofuscado pela baderna generalizada e demostração explícita de desobediência.
Manifestações anteriores, como mencionado no texto, tinham no seu escopo um ideal, existiram marchas, protestos e manifestações, mas todos sabiam claramente o que queriam os estudantes.
Os tais revolucionários da USP começaram de forma equivocada seu protesto e isso acabou trazendo repercussões altamente negativas.
Como eu disse, perderam uma ótima oportunidade de demonstrarem organização e dignidade na luta pelos seus ideais.
Obrigado pela participação e opinião!
Desculpe, amigo.
18 de novembro de 2011 às 11:54Seu texto é simplista demais. Acho que antes de "sentir vergonha de ser brasileiro" por esses motivos você deve buscar mais informações.
A mídia não noticiou nada do que eram as pautas dos estudantes. Reduziu a questão a fumar um baseado. Se puder, leia essa entrevista: http://adrianonascimento.webnode.com.br/news/entrevista%20de%20michael%20lowy%20no%20estad%C3%A3o%3A%20o%20transbordo%20do%20copo%20de%20colera/
E sobre o movimento, as últimas assembléias contaram com cerca de 5.000 pessoas. O movimento sequer fala de "maconha". Há corrupção na Universidade. A USP tem um orçamento de bilhões e toda essa gerencia fica nas mãos de uma corja composta por professores titulares que dão o rumo a universidade sem consultar a comunidade. Se você disse que os movimentos sociais eram contestação contra a privatização das universidades públicas, você deveria saber que o movimento existe hoje tem os mesmos ideias. Uma USP que se integre com a cidade, que seja aberta a população, que tenha mais vagas e que seja menos elitista. Para tudo isso é necessário a democratização da mesma. Nosso estatuto é dos anos 80 e temos em vigor desde 1972 um "regime disciplinar" que condena por "falta de bons costumes". Ou seja, estudantes sendo processados por coisas mínimas. Pense um pouco, por favor. Abraços
Prezado Gustavo, minha resposta ao comentário anterior serve também pra você. Como disse lá e repito, não só eu, mas a maioria dos brasileiros tiveram essa visão sobre a tal "revolução". Ademais a baderna e depredação não se justifica em nenhuma hipótese. Que as pessoas saibam lutar pelos seus direitos, mas acima de tudo com dignidade e respeito. O que vimos foi uma demonstração explícita de falta de educação e descompustura, aliás, foi essa a imagem que eles passaram para o Brasil. Essas informações repassadas por você, não ficaram claras durante o movimento e isso, já configura uma falha imperdoável.
19 de novembro de 2011 às 13:53Postar um comentário
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