Nestes tempos em que muito são pregadas a paz, a igualdade social e a sustentabilidade, as potências econômicas mundiais ainda insistem em aprovar os malditos “embargos econômicos”. Uma forma mais que radical para se tentar “enquadrar” nações tidas como de governos tirânicos, privando-as de comercializar com outras nações.
Na prática, é uma tentativa nada cristã de se punir o povo de determinada nação, privando-o do acesso aos gêneros mais básicos, com o objetivo de fazê-lo se rebelar contra o seu governo e demovê-lo do poder.
Ocorre que os efeitos desses embargos, também conhecidos como “bloqueios econômicos”, podem levar a situações ainda mais catastróficas, infligindo dor e sofrimento aos que não podem se defender: os mais pobres, crianças e idosos, acendendo assim os estopins para guerras de dimensões imprevisíveis.
Quando uma nação tem um governo radical, inflexível, de nada adiantam as sanções econômicas advindas de uma potência mundial como os EUA, por exemplo, pois a tendência é que tal governo se mantenha ainda mais firme em seus propósitos ao usar os próprios EUA como “inimigos externos”. Na verdade, quem sofre as consequências dos embargos é o povo da região ou país afetado, como observamos na Faixa de Gaza, região de conflito entre árabes e israelenses. Nestes momentos constata-se a ineficácia de tais medidas, pois o que assistimos é um espetáculo dantesco, com pessoas famintas e doentes tentando fugir da área bloqueada. Seres humanos se debatendo contra a inanição e a morte, enquanto não lhes são permitido o livre acesso aos gêneros de primeira necessidade, como comida e medicamentos.
Os embargos econômicos, na opinião de muitos economistas, ao contrário do pretendido, acabam fortalecendo ainda mais o governo local, como ocorreu com Saddam Hussein, Fidel Castro, Adolf Hitler, dentre outros, que apesar das medidas adotadas contra eles, sustentaram-se por muito mais tempo no poder. Alguns países como a Coreia do Norte adaptaram-se ao bloqueio e sobrevivem, isolados em seus regimes políticos e ameaçando a tudo e a todos.
Uma curiosidade envolvendo tais embargos, ocorreu durante as guerras napoleônicas. Em 1806, numa tentativa de bloquear economicamente o Reino Unido, criou-se o chamado “Bloqueio Continental”, que proibia as nações europeias de comercializar com os britânicos. Entretanto, na prática, tal bloqueio não teve como ser integralmente executado, por um detalhe: revelou-se mais prejudicial a outros países do que para a potência industrial britânica, por motivos óbvios...
Segundo especialistas, somente a diplomacia pode resolver tais impasses. As negociações devem se limitar aos planos político e humanitário, jamais ao econômico, respeitando-se a soberania e a autodeterminação dos povos, uma vez que os embargos transformam o próprio povo, que poderia ser um grande aliado contra o governo totalitário, no principal inimigo da nação ou nações que pactuam e impõem o bloqueio.
Em termos estratégicos, os embargos econômicos, além de ineficazes, revelam a face mais cruel e impiedosa do mundo globalizado capitalista: fazem do povo sofrido e faminto o seu refém.
[Crônica publicada na Folha de Paraopeba, edição de Março de 2013]
Sobre o Autor:
![]() | Harley Coqueiro - Advogado e Jornalista. Chargista e Cronista da Folha de Paraopeba. Fã de Beatles, de thrillers policiais e da boa comida mineira. |
2 comentários :
Eu concordo com os embargos econômicos.
13 de maio de 2013 às 10:07Na verdade eu imagino que se os embargos fossem mais severos, as crises em países como Líbia, Irã e Coreia do Norte já teriam sido debeladas. Logico os déspotas desses países não sentem ou sentem de maneira muito inferior os efeitos dos embargos. Mas imagine um mundo onde esses mesmo fossem impedidos de deixar seus países e que tivessem fortunas pessoais na bloqueadas na Suíça?
Quanto a manipulação da informação e a doutrinação do povo isso ocorre o tempo todo, com o sem embargos.
DIPLOMACIA E DEMOCRACIA SÃO FILHAS DA MESMA UTOPIA.
4 de fevereiro de 2014 às 10:37Postar um comentário
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