De todas as futilidades dessa vida, o futebol é uma das mais apaixonantes. E como não poderia deixar de ser, volta e meia surgem discussões futebolísticas fúteis que, com o perdão da redundância, nada de útil acrescentam, sequer para o esporte em si.
Uma das mais recentes que eu vi/ouvi enquanto assistia a uma partida de futebol pela TV, veio de uma “prodigiosa” enquete sobre a obrigação ou não do artilheiro em comemorar o gol sobre o seu ex-time. A pérola que eu ouvi de um nobre comentarista foi de um puritanismo que faria enrubescer até a Madre Tereza de Calcutá:
“O gol é o momento maior do futebol e, como tal, é a celebração do esporte, não se justificando a falta de comemoração por um jogador que venha assinalar contra a sua ex-equipe!”
Concordando em parte, não diria que tal afirmação soou reacionária, para não constranger ainda mais a saudosa Madre Tereza. Ocorre que, na minha modesta opinião de boleiro, um artilheiro comemora, se quiser, o gol por ele marcado contra qual time for. Não enxergo como profano o ato de não se comemorar um gol!
Obviamente que o mais importante no futebol é o gol e não a sua comemoração. Não haverá espetáculo, não haverá triunfo, nada acontecerá se não pintar um gol, pelo menos um golzinho aos quarenta e oito do segundo tempo. O gol, feio ou bonito, um “frango” ou de placa, é o objetivo; a comemoração nada mais é que uma consequência.
Em tempos de jogadores mercenários, que só se identificam e se comprometem com os seus milionários contratos e direitos de imagem, é tocante ver um craque reconhecer toda a admiração da torcida de seu ex-clube (Alô, Obina! Alô, Fred!).
Para o torcedor, em geral (ou na antiga e romântica “geral” que a FIFA tratou de acabar!), não faz diferença se o artilheiro de seu time comemore ou não o gol marcado contra o ex-time. O torcedor não ficará constrangido em comemorar por ele!
O lendário Quarentinha, o maior artilheiro do Botafogo e detentor da média histórica de um gol por jogo pela Seleção Brasileira, nunca comemorou os seus gols. Tímido e introvertido, ele tinha a convicção de que fazer gols nada mais era que o seu ofício, a sua missão. A torcida, por sua vez, fazia a festa!
Enfim, se em todos os gols houvesse a necessidade de comemoração, os autores de “gols contra” teriam de comemorar, também...
*Crônica publicada na Folha de Paraopeba, edição fevereiro/março de 2014.
Sobre o Autor:
![]() | Harley Coqueiro - Advogado e Jornalista. Chargista e Cronista da Folha de Paraopeba. Fã de Beatles, de thrillers policiais e da boa comida mineira. |
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