TEERÃ (Agência Reuters) – O presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad surpreendeu a comunidade internacional ao acatar uma orientação do líder espiritual de seu país, o aiatolá Ali Khamenei, e determinar, na semana passada, a prisão e a execução de dois jovens cidadãos iranianos que, inadvertidamente, soltaram fogos nas ruas da capital Teerã, no dia de ano novo.
Inconformadas, as entidades internacionais ligadas aos Direitos Humanos entraram com uma representação na Organização das Nações Unidas (ONU).
Calma, pessoal!
Não se trata aqui de alguma determinação antiocidental do presidente ortodoxo Ahmadinejad e nem de algum dogma da religião islâmica. É que já está enchendo o saco esta lengalenga de que todo teste com foguetes, patrocinado pelo Irã, tem por objetivo “o desenvolvimento de armas de destruição em massa”.
Pelo visto, se nos céus do Irã pipocarem fogos de artifício por causa de alguma festividade, a CIA emitirá um relatório para Washington, concluindo que se trata de testes balísticos nucleares...
Os EUA e as demais potências ocidentais temem que o Irã esteja utilizando a tecnologia de enriquecimento de urânio para fabricar armas nucleares, embora o país persa garanta que a tecnologia nesta área tenha apenas fins pacíficos. Ahmadinejad ressalta que governa um país soberano, e que por isso mesmo, tem o “direito inalienável” de produzir energia, sinalizando que não abrirá mão de seu programa nuclear.
Segundo o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), do qual o Irã é um dos signatários, o enriquecimento de urânio em níveis baixos, empregado para funcionar usinas de geração de energia elétrica, é permitido. Apenas o enriquecimento em nível alto é proibido, porque possibilitaria o desenvolvimento e produção de armas nucleares.
É certo que a pressão maior parte de Israel, que teme ataques de mísseis provenientes de bases militares iranianas. Mas nunca é demais lembrar que o seu maior aliado utilizou armas de destruição em massa, na longínqua 2ª Grande Guerra. Na década de 80, os mesmos EUA assistiram, com um olhar complacente, o seu aliado iraquiano (o saudoso Saddam Hussein) utilizar-se de gás letal contra soldados iranianos e civis curdos.
Embora ache o presidente Ahmadinejad fisicamente parecido com alguns vizinhos meus (quem sabe são espiões iranianos!), não cabe aqui a defesa do governo de Teerã. Entretanto, o ex-presidente americano Bush, foi quem teve a brilhante ideia de determinar a invasão do Iraque, sob o pretexto de que Saddam Hussein estava produzindo armas nucleares em seu território. Resultado: nada foi encontrado e restou uma nação caótica, sob escombros e ódio.
Harley Coqueiro: um cara da paz, iluminista, torcedor do Galo, evangélico não fundamentalista, pai do Ulisses e do Dante. Já desenhou charges, escreveu poemas e compôs canções gospel. Tem como pecados, gostar em excesso de rock'n'roll, filmes e comida!
6 comentários :
Prezado Coqueiro, brilhante post! É importante não considerar sempre verdade o que os E.U.A. levantam, diante dos fatos que a História nos tem mostrado. A violência deve ser combatida em todos os níveis (sobre isso sugiro a leitura do post de ontem no Poetopias), mas não devemos ser paranóicos ao ponto de nos tornarmos reféns de nosso próprio medo. Este é o objetivo do terrorismo: é fazer que sintamos medo mesmo quando ele não é justificável. Assim, ele mina nossa vida aos poucos.
8 de fevereiro de 2010 às 11:20EDN,
8 de fevereiro de 2010 às 16:26É isso aí. Não teve muito tempo, agentes americanos vieram dar palpites até aqui no Brasil, questionando as nossas técnicas de enriquecimento de urânio, sob alegação de desenvolvimento de armas nucleares mas que, segundo especialistas, o interesse deles era copiar a nossa tecnologia...
Existe a questão de guerra pela guerra, que queimou o filme dos EUA e de extremistas do Oriente médio. Outra questão é a soberania de uma nação, prerrogativa pétrea de Direito Internacional.
Acho que deveriamos adotar alguns valores universais não importa qual cultura esteja o homem, um desses valores seria a liberdade e intimidade para crer e executar ações conforme sua crença, desde que essas ações não constituam ataque a outros direitos.
8 de fevereiro de 2010 às 17:16O que não é respeitado no Iran ou em qualquer outra sociedade em virtude da religião é deplorável e repugnante. O ato de censura, aprisionamento ou prisão de um homem por seus atos de crença é só mais um reflexo de uma imaturidade humana, de querer achar que é dono do destino de outro homem ou que deve salvá-lo de algo (pretexto para o poder).
Deixe o homem livre, tão livre que possa escolher inclusive o buraco que vai se enterrar...
Tenho dito!
Meira,
8 de fevereiro de 2010 às 17:38É por isso que descobri que sou um iluminista.
Valeu pelo comentário.
O Irã não tem tecnologia para enriquecer o urânio a 20%, que pode ser usado em armas nucleares, isso ainda levaria alguns anos porque mesmo que eles enriqueçam o urânio ainda tem alguns processos que eles não dominam.
9 de fevereiro de 2010 às 14:37O maior problema com o Irã é seu presidente, ele fala demais e fala o que não deveria. Que fazer, agora tem que suportar a pressão...
Evandro Cesar,
9 de fevereiro de 2010 às 17:07Realmente, o processo de enriquecimento de urânio não é tão simples assim.
O Irã já avançou uns poucos níveis, visando principalmente as tecnologias nas áreas de medicina.
E nessa queda de braço, dá-se a impressão de que realmente há o interesse de não se ver o Irã avançando em pesquisas e tecnologias, e continuar tão primitivo quanto o seu vizinho Afeganistão.
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