O que um sujeito que acha que escreve poesias faz em um blog? Ou melhor: o que é que estou fazendo em um blog como “Os Invicioneiros”?
Essas duas perguntas me vieram à cabeça agora, depois de quase uma hora navegando pela WEB enquanto aguardava que a inspiração viesse até mim. Como ela é teimosa e ainda não veio, fazer o quê? Já passou da hora de publicar meu post das quartas-feiras. Mesmo cansado, depois de pedalar alguns quilômetros, para buscar em um pequeno sítio próximo a minha cidade um galo para servir as galinhas do meu galinheiro. Coisa de quem está nos últimos dias de férias e um jeitinho de fazer uma aventura com os filhos, que adoraram “fazer trilha” de bike.
O título do post, numa repetição enfadonha ditada pelo temor de não conseguir publicar nada hoje é um tatibitate do meu cérebro que, muitas vezes, não consegue concatenar as palavras. Mas, nesse momento, ao som do Zé Kéti e do Ataulfo, alternados com a conterrânea Clara Nunes, vejo que, como invicioneiro, não posso escrever qualquer maluquice, pois não estarei de acordo com o blog, cujos últimos posts revelam a qualidade do mesmo. O Coqueiro emocionou-me com seu poema “Ego de Vidro” e a maneira toda especial de publicá-lo via YouTube, o chefe Zé falou brilhantemente de personagens indesejados da blogosfera, bem como de que o blogueiro não é uma figura divina. Ana Karenina, de forma inspiradíssima, falou do que acaba com a inspiração.
Neste momento, quero saber o que pode trazê-la até mim. Mas ela é inexorável e não quer nem saber de mim. Hoje pela manhã, enquanto comia minha merenda matinal diante dos jornais matutinos, matutava sobre o que poderia ser o assunto desse post. Caso Bruno, morte do filho da Cissa, frio no sul do país, morte da advogada, política... meu Deus! Tantos assuntos tristes...
Ao voltar de meu passeio com meus filhos, sinto que o período de férias torna-me ainda mais ligado às coisas da família. A convivência constante com meus filhos e esposa, o exercício intensificado do papel de pai e marido trazem-me palavras que me forçam a falar disso. As receitas de vida que esses momentos proporcionam-me são insuperáveis.
Nesse post, em que tento exercer o “blog blog blog blog blog” do título, sinto-me tentado a fazê-lo em versos, ou pelo menos concluí-lo, pedindo perdão aos leitores e colegas de blog por mais essa introspecção invicioneira. A meu lado, senta-se meu filho caçula e me diz que a música que estou ouvindo é muito bonita, mas é muito triste (“Tristeza pé no chão”, do sambista de Juiz de Fora, Armando Fernandes, o Mamão). Paradoxalmente, o meu momento não é de tristeza.
“Alicerces”
olhando meu filho a meu lado
com a cabeça deitada no meu ombro
concluo que a vida traz muitas respostas
se fizermos as perguntas certas
sinto-me então embriagado
não encontrei a rima perdida
dentre as palavras que me chegaram
sei entretanto que qualquer que seja o verso
não são simplesmente as rimas que o tornam significante
e sim o instante
algo muito além do que posso dimensionar
a cabeça do meu filho deitada no meu ombro
e o assombro
de perceber como coisas simples como essas constroem minha vida
alicerces que sustentam o homem que sou
mesmo que as palavras não constituam rima
3 comentários :
"a cabeça do meu filho deitada no meu ombro
28 de julho de 2010 às 17:23e o assombro
de perceber como coisas simples como essas constroem minha vida
alicerces que sustentam o homem que sou
mesmo que as palavras não constituam rima"
"No words"...
@Harley Coqueiro
29 de julho de 2010 às 16:23Caro amigo, quero que você me ensine como publicar via YouTube ou que me indique um sítio onde haja tutorial a respeito. Gostei muitíssimo da publicação que você fez. Obrigado pela leitura e o constante apoio.
"...depois de pedalar alguns quilômetros, para buscar em um pequeno sítio próximo a minha cidade um galo para servir as galinhas do meu galinheiro"
14 de fevereiro de 2011 às 16:22Realmente uma aventura. Sério.
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