Não é um título muito novo este clichê que uso para iniciar o post de agora, quase 10h de uma noite de calor, ao som de "Too many people", de Paul McCartney. Mas reflete um fato que me chocou esta semana: a morte de um professor brutalmente esfaqueado por seu aluno, em uma faculdade particular de Belo Horizonte.
O título desgastado serve-me, no entanto, para que eu mesmo, enquanto educador há 24 anos e pai de dois rapazes, possa questionar-me no meu papel diante de uma realidade tão inexorável. Pergunto-me o que mais eu posso fazer diante do "status quo", diante das imposições e posturas de burocratas que tentam dizer como devemos educar nossos alunos e filhos, mas que não são capazes de levantar os glúteos das poltronas macias onde ficam sentados ditando normas e esparramando críticas e análises estapafúrdias.
Como qualquer educador, sinto-me desvalorizado financeiramente, mas, por outro lado, recuso-me terminantemente a deixar-me sentir desvalorizado moralmente. Sei da importância da minha missão e luto por ela, assumo minha postura que alguns dizem ser rígida, mas eu digo ser necessária. Seguro a ponta de uma corda presa a um barco que está prestes a ser levado pela correnteza de uma enchente terrível. Dentro dele estão meus alunos, jovens sem rumo que eu preciso salvar, puxar para a margem. Não posso deixar que se afoguem na torrente da estupidez. Sinto-me responsável por mostrar-lhes o caminho.
Faço isso há vinte e quatro anos. Com muito orgulho. Espero não me tornar mais um Júlio César e ter que dizer "Tu quoque, Brute, fili mi".
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Onde vai parar a sociedade?
In Blogs , In Educação , In Reflexões , In Sociedadesexta-feira, 10 de dezembro de 2010
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2 comentários :
"Seguro a ponta de uma corda presa a um barco que está prestes a ser levado pela correnteza de uma enchente terrível. Dentro dele estão meus alunos, jovens sem rumo que eu preciso salvar, puxar para a margem. Não posso deixar que se afoguem na torrente da estupidez."
13 de dezembro de 2010 às 17:22A frase acima sintetiza muito bem o seu estado de espírito, bem como o compromisso de seu magistério.
Embora não seja professor, como seu ex-aluno, sou solidário com os seus sentimentos.
Sim, caro amigo. Não é fácil ver a profissão de educador cada vez mais ser desprestigiada socialmente, mas acredito que essa situação somente mudará a partir da ação do próprio educador, no sentido de construir uma sociedade melhor.
14 de dezembro de 2010 às 16:55Postar um comentário
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