Diante da polêmica (discussão de alto nível, diga-se de passagem) do post anterior: E não é que a blogosfera perdeu a identidade!, resolvi retomar o assunto porém sob outra ótica, a fim de aparar algumas arestas.
Quando me referi ao assunto da perda da identidade, meu intento era chamar a atenção para a falta de renovação da blogosfera, evidentemente que ainda temos muita coisa boa por aí, mas ninguém pode negar que dificilmente aparece algo inovador.
Meu critério para avaliar essa falta de renovação levou em consideração os últimos 2 anos, período em que fiquei mais assíduo na blogosfera. Reconheço tratar-se de um critério subjetivo, totalmente nonsense, sem nenhum condão de se transformar em algo norteador para a blogosfera. Mas a polêmica já era esperada.
Algumas pessoas argumentaram dizendo, inclusive citando, alguns bons blogs surgidos nos últimos tempos. Concordei com alguns, discordei de vários, já que estavam aquém do limite personalíssimo definido por esse escriba.
Mas nem tudo esta perdido, em que pese essa letargia citada anteriormente, com um pouco de boa vontade, ainda dá para garimpar algumas coisas interessantes. Independentemente do nicho ou objetivo precípuo, eu, particularmente, penso que a preocupação com o processo evolutivo do blog e das postagens, deve fazer parte do cotidiano bloguístico.
Segundo o Houaiss, evoluir é passar por processo gradual de evolução ou transformação. A própria definição da palavra permite um aprendizado bem interessante que pode ser levado para o campo da blogosfera. Nenhum blogueiro iniciou a jornada fazendo sucesso, ele é fruto de um constante transformação que o permitiu fazer dos erros um aprendizado e do aprendizado uma evolução, ou pelo menos deveria ser assim.
Todo início de trabalho na blogosfera é tortuoso, repleto de percalços e obstáculos. Todos esses contratempos acabam por causar a morte precoce de muitos blogs. Por isso, mais importante do que fazer um blog é ter humildade para aprender, e vontade para evoluir.
E qual o caminho correto a tomar? Isso ninguém sabe, os caminhos a serem percorridos são diferentes, as experiências vividas por muitos, podem nos servir de norte, mas cabe a cada um encontrar a sua trajetória, seu próprio êxtase.
O brilhante médico, psiquiatra, psicoterapeuta e escritor de literatura psiquiátrica Augusto Cury certa vez escreveu “... Não deixe as frustrações dominar você, domine-a. Faça dos erros uma oportunidade para crescer. Na vida, erra quem não sabe lidar com seus fracassos.”
Provavelmente muito dos frequentam esse minifúndio já devem ter pensado ou abandonado um projeto iniciado com grande perspectiva, esse escriba que vos fala já passou por essa experiência, e posso garantir que desanimar no primeiro obstáculo, não é o melhor caminho. A experiência de um projeto fracassado pode servir de norte para a implementação de um novo, sem os erros primários cometidos anteriormente.
É muito comum o desinteresse em manter a atualização de um blog, principalmente quando esse blog possui pouca repercussão, ou o nicho escolhido não era motivador o suficiente para manter o entusiasmo do autor. Quando isso acontece o melhor a fazer é levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima.
Uma estatística do Technorati revela que apenas cerca de sete milhões dos 133 milhões de blogs indexados pelo sistema de busca são atualizados regularmente. Ou seja, 95% deles estão formalmente esquecidos pelos seus donos. [Rafael Cabral]
Um triste realidade, já que provavelmente no meio desses blogs abandonados muito conteúdo interessante se perdeu no tempo e na inércia.
Estagnação e letargia, são desmotivantes para os leitores de blogs. Falo isso com a experiência de ser um leitor assíduo. Blogs que raramente são atualizados, passam a ideia de abandono. Se o autor não tem compromisso com sua própria criação, o que dizer dos leitores?
Muito mais difícil do que ter é manter um blog atualizado, principalmente pra quem se preocupa com a qualidade do conteúdo. Essa tarefa exige um esforço extenuante, em pesquisas, leituras, busca de tópicos a serem tratados, etc. Ainda assim corremos o risco de todo esse esforço não representar a repercussão almejada. Tudo isso pode trazer dissabores e até mesmo representar o abandono de um projeto.
É importante que todos nós saibamos que blogar exige um aprendizado constante, é preciso manter-se em constante evolução, e esse processo evolutivo são etapas pelas quais sistematicamente todo blogueiro necessita passar. É salutar ter consciência e sabedoria para assimilar que nem todos nós alcançaremos o nosso propósito, mesmo assim trabalharemos para que isso aconteça, o resto será consequência.
É muito gratificante poder acompanhar a evolução de alguns blogueiros. Tomarei a liberdade de citar alguns nomes que tive o privilégio de acompanhar: Luan Felipe do Bloggers, Ana Karenina do Escritos Ideológicos, Caio Lausi do Blog do Lausi, Fernando Júnior do Furia. Recomendo a todos que ainda não os conhecem, que passem a acompanhar o trabalho dessas pessoas. Posso garantir que não irão se arrepender. São “jovens”, que já têm um presente brilhante, e se engajados, terão um futuro promissor pela frente.
Só o imperfeito pode evoluir. O perfeito já se estagnou, cristalizou-se. Portanto só o imperfeito tem futuro. [Bert Hellinger]
Por fim, nunca é demais lembrar que a avaliação e reavaliação sistemática do nosso próprio trabalho é de extrema importância para alcançarmos nossos objetivos. Se não conseguirmos perceber evolução desse trabalho, é hora de repensar os objetivos e avaliar se o projeto está de fato coadunando com nossas pretensões. Só é possível evoluir se mantivermos a motivação, quem bloga por simples obrigação, dificilmente consegue evoluir.
Recomendo a leitura:
# Por que morrem os blogs? - Rafael Cabral
# 11 Formas de Fracassar Como Blogueiro – Blosque
# The evolving blogosphere – The Economist
Sobre o Autor:
![]() | José Márcio - Editor Chefe dos Invicioneiros, leitor voraz e aprendiz de escritor.Tem opinião e assume os riscos Saudosista dos anos 80. E palpiteiro inveterado. Me Siga no Twitter [@jmpsousa]. |

11 comentários :
E como é dificil manter um blog.
10 de fevereiro de 2011 às 16:24Manter o blog atualizado, tanto em relação aos posts, quanto em dia com as novidades da plataforma/serviços que utiliza, é a tarefa mais difícil quando se tem esse tipo de site.
10 de fevereiro de 2011 às 16:42Buscar conteúdo, novidades, assuntos a serem abordados, é duro. Mas se feito com vontade e prazer, torna o trabalho todo melhor.
Creio que muitos desses "quase" blogueiros, que abandonam seus blogs ainda no começo, encontram a maior dificuldade no "gerar conteúdo", dando valor apenas ao "gerar visitas", independente dos posts publicados. Aí, lá pelo quarto ou quinto post, vêem que não é bem assim e abandonam de vez... Triste.
Olá José Márcio
10 de fevereiro de 2011 às 17:40Muito obrigada pela parte que me toca, mas não acredito que evoluí tanto assim não, só acho que mudei um pouquinho o tema dos meus textos, isso é bem diferente de evolução né? rs
Quanto a evolução na blogosfera, acho que é um processo gradual de aprendizagem mesmo como você bem colocou, reconheço que mudei minha forma de blogar, mas mudei muito por conta dos conhecimentos que fui adquirindo lendo outros blogs e percebendo que a blogosfera era uma espécie de comunidade na qual eu estava afim de participar. Isso porque na minha opinião ter um blog não é sinônimo de fazer parte da blogosfera, embora seja um pré-requisito pra isso fazer parte da blogosfera é conhecer seu universo, participar dele e contribuir para o seu crescimento e consolidação. Acho que os que fazem isso é que são os autênticos blogueiros.
Acho que evoluir na blogosfera é quando você consegue ir além do básico, além do óbvio, apresentar algo que seja útil para os outros e mostrar seu ponto de vista crítico sobre a realidade que o cerca, fazer a diferença talvez seja fazer mais que o trivial ou mais do que estamos acostumados a fazer ou esperar dos outros.
Quanto mais conhecemos uma realidade, mais inconformados ficamos com a mesmice, criamos expectativas, queremos que melhore, mas como faz? Essa é que a chave da questão.
Um Abraço
@anakint
Excelente a sua matéria!
10 de fevereiro de 2011 às 18:05Concordo plenamente.
10 de fevereiro de 2011 às 21:57De verdade acho que a questão é; Pra que serve um blog?
11 de fevereiro de 2011 às 09:20Lá no começo li e ouvi que era como ter um diario. Então os primeiros eram aqueles jovens escritores que tinham finalmente um veiculo pra divulgar suas ideias. Logo a net se disseminou na NET não o desejo de compartilhar ideias impessoalmente mas a de uma socialização"real". Com o passar dos tempos vieram os kibadores e os
"espertalhões" e logo a disputa por publico levou a uma diversificação e uma saturação do meio.
Agora após escrever um monte vou chegar no questioamento. Lá no fundo a maioria dos que frequentam a net são de pessoas atrás de novidades. E no fundo a internet provou ser o maior criador,provedor e disseminador das necessidades surpefluas.
Entrei mais ativamente na NET, atrás da mesma coisas, visito sempre os mesmo sites sempre a procura das mesmas coisas, gosto de textos com o mesmo perfil dos escritores que eu gosto, mas notei que deixar comentarios em blogs não rende mais boas discussões, antes não sei, parecia que as pessoas escreviam mais, debatiam melhor. Nos foruns dava pra ter uma grande discussão agradavel agora: "Todo mundo tem a sua opinião, e temos que respeita-la". Parece que estão levando a expressão socializar a serio de mais. O cara lê, faz um comentario suscinto ou não ofensivo e volta ao twitter ou facebook ou orkut ou msn onde continuam a fazer amizades.
#Madame, muito difícil,mas não podemos desanimar.
11 de fevereiro de 2011 às 10:00#Mr. Zahta, belo comentário! Concordo com suas colocações, é muito comum a existência do tipo mencionado por você.
#Ana Karenina, verdade é que não quis entrar detalhes sobre o que percebi de evolução nos blogueiros citados. Mas no seu caso posso afirmar que você aprendeu a ser mais objetiva, estou enganado?
#Severino, obrigado! Adorei o termo matéria, rsrsrs
#Richard, espero que o comentário "monossílabo" não seja um sinal de protesto, sabe que sou seu fã também.
#Zé da Fiel, o que dizer do seu comentário? Me deixou sem palavras. Tocou num assunto extremamente pertinente. Parece que as pessoas perderam a capacidade de debater. Os que tinham essa qualidade emudeceram, já os outros, pensam que discordar é ofender, e segue o seco, lastimável. Valeu!!!
Zé, muito pelo contrário. Não tenho muito que falar neste post, porque realmente não há nada mais o que ser falado. Fiz o comentário justamente para que você saiba que eu concordo e que não há coisa melhor na blogosfera que o debate.
12 de fevereiro de 2011 às 19:29É difícil manter um blog assim como é difícil manter uma dieta, educar crianças, dirigir, cozinhar... Tudo depende da força de vontade para reconhecer suas falhas e seus pontos fortes, sua capacidade de criação e de investimento em se aprimorar. Algumas pessoas vão na onda de criar um blog, achando "da hora" e depois percebem que não possuem pontos fortes ou conteúdo. É a tal coisa de ter tudo pronto e mastigado sempre ali, disponível. Criar é algo complexo e nem todo mundo tem condições para isso. (nem vou dizer talento, pois é muito questionável.)
13 de fevereiro de 2011 às 00:53Na minha opinião, qualquer coisa que pretendamos empenhar, e que nos tire de nossa zona de conforto, com certeza será difícil. O que eu quero dizer por zona de conforto? Acompanhar pessoas no Twitter, ler blogs e fazer comentários supérfluos são coisas fáceis. Estas coisas que citei são confortáveis de se fazer. Quando o assunto é gerar seu próprio conteúdo, e de qualidade, você terá que sair de sua zona de conforto. Terá que deixar de ser apenas passivo, terá que achar temas, formar sua opinião, e acima de tudo, saber expor sua opinião em palavras.
13 de fevereiro de 2011 às 14:22#Richard, valeu! O embate de ideias, com argumentações inteligentes, e são, de tato, gratificantes para todo blogueiro.
14 de fevereiro de 2011 às 08:19#Sybylla, também acho que é por aí. É muito fácil falar daquilo que já está pronto, o mais complicado é fazer, e nem todo mundo tem disposição e criatividade para produzir.
#Guilherme Reinhold Lepoli, bela explanação! Sair da zona de conforto requer trabalho, persistência e principalmente dedicação. É por isso que muitos preferem a acomodação.
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