Os que são um pouquinho mais experientes, pra não dizer antiquados, irão se lembrar com saudosismo do período em que as revistas masculinas exerciam um grande fascínio nos homens. Era muito comum encontrar colecionadores destes importantes veículos de informação, que preenchiam o imaginário masculino. Normalmente tais preciosidades eram cuidadosamente escondidas debaixo do colchão, para evitar o acesso dos irmãos mais novos, ou para evitar os sermões das mães indignadas com tamanha libertinagem.
A mais destacadas revistas desse segmento aqui no Brasil eram a Playboy (primeira versão brasileira da Playboy surgiu em agosto de 1975), Ele & Ela (da antiga Bloch Editores, onde foi editada por mais de trinta anos, após sua falência, popular nas décadas de 1970 e 1980) e VIP (publicada pela Editora Abril desde 1981).
Interessante constatar que a revista Ele & Ela tinha como um dos principais atrativos da revista a seção de cartas, intitulada Fórum, que depois tornou-se um suplemento destacado da revista, embora fosse vendida com a mesma. No Fórum são publicadas cartas, onde os leitores narravam suas aventuras e fantasias eróticas.
Histórias à parte, é fato que hoje essas revistas já não exercem o mesmo fascínio de antes. Dificilmente você encontra algum colecionador ou fã incondicional, como era habitual há alguns anos atrás. Parte desse desinteresse pode ser atribuído à facilidade de acesso a esses materiais hoje na web, que às vezes são liberados nesse espaço antes mesmo da revista chegar às bancas.
Mas, para esse escriba que vos fala, o grande vilão da história não é outro senão o famigerado Photoshop.
O software Photoshop foi concebido em 1987, por Thomas Knoll, na Califórnia, Estados Unidos. Knoll estava em casa trabalhando em sua tese de doutorado, quando criou um código em seu computador que exibia imagens em tons de cinza em um monitor de bitmap preto e branco. Como o código não estava diretamente relacionado à sua tese de doutorado, Knoll subestimou o seu valor. Mal sabia ele que esse era o primeiro esboço do fenômeno Photoshop.Só mais tarde, quando seu irmão John Knoll se encantou pelo programa, ele percebeu seu potencial. Ambos trabalharam juntos para desenvolvê-lo e em 1990 o viram lançado pela Adobe, que havia comprado o programa. O programa era destinado desde o início como ferramenta de manipulação de imagens provenientes de digitalizadores, que eram raros e dispendiosos naquela época. (Wikipédia)
Hoje em dia não existe mais mulher feia ou com o físico menos abastado, o tal Photoshop cuidou de limar esses problemas e transformar qualquer mulher, num avião impecável. Os corpos esculturais beiram à perfeição. Na verdade estão vendendo gato por lebre, já que bem sabemos que dificilmente alguém consegue ser tão perfeito assim.
A pressão sobre a aparência perfeita das mulheres tem aumentado muito com o uso indiscriminado do Photoshop na publicidade, já falei disso neste post – nenhuma mulher tem a pele perfeita, cabelo perfeito , corpo e forma impecáveis como eles nos fazem ( ou querem nos fazer ) crer. Aliás, penso que são as nossas pequenas imperfeições que nos fazem realmente glamourosas... (Glamour Urbano)
É verdade, nós homens sabemos perfeitamente conviver com os problemas que afligem tanto as mulheres, como uns quilinhos a mais, celulites, estrias, etc. Aliás, pra começo de conversa, a maioria homens não sabem discernir entre o que é celulite e o que é estria. Recentemente eu disse no twitter: As mulheres se preocupam muito com o que acham que nós pensamos à respeito delas, e erram miseravelmente.
Acho que existe uma competição inculcada na cabeça das mulheres, sim pra mim a competição é entre elas, não usam e abusam do Photoshop pra ficar perfeita pro homens, mas sim pra se mostrarem imbatíveis perante outras mulheres.
Já não é mais possível discernir entre o que e belo por natureza e o que é produto de manipulação de programas de computador. Assim sendo, o fascínio de antes exercido pelas revistas masculinas perderam todo o glamour e encanto após o uso excessivo de programas de manipulação de imagens.
A coisa tomou tamanha dimensão, que alguns países estão proibindo o excesso de manipulação de imagens:
A busca frenética pela perfeição acabou por banalizar as revistas masculinas e transformá-las numa espécie de laboratório de manipulação. Não encontrei na internet uma pesquisa que verse sobre o declínio destas revistas, mas com toda certeza elas perderam muito espaço e já não atraem tanto como antes.
Obviamente que nenhum homem gosta de mulher desleixada, que não liga a mínima para a aparência. Mas, como eu disse anteriormente, sabemos conviver e não somos tão exigentes assim com as incorreções naturais que por venturam existam. Como bem diz um amigo meu, a beleza torna-se secundário quando a mulher tem pegada.
Penso que hoje em dia as mulheres estão muito fissuradas com a aparência, de se mostrarem perfeitas. Algumas chegam a perder o sono quando alguma parte do corpo está fora de forma, ou quando aparece uma manchinha na pele, que nunca sabemos se é estria ou celulite.
É hora de repensar as publicações masculinas e quem sabe voltar a apresentar as pessoas como de fato elas são, sem querer vender uma imagem fruto de um programa de computador. Isso me fez lembrar de um filme oitentista: Mulher Nota 1000 (Weird Science), onde dois adolescentes nada populares com o sexo oposto. Resolvem criar no computador, a mulher que eles acreditam ser a ideal. Uma tempestade dá vida a ela, que é "batizada" como Lisa (Kelly LeBrock), que é sexy, bonita, determinada, desejada por todos, fiel aos seus criadores, mas com um modo de ser que deixa todos que cruzam o seu caminho desconcertados. Entretanto problemas começam a ocorrer quando o implicante Chet (Bill Paxton), o irmão mais velho de Wyatt, sente que algo está estranho.
![]() | José Márcio - Editor Chefe dos Invicioneiros, leitor voraz e aprendiz de escritor.Tem opinião e assume os riscos Saudosista dos anos 80. E palpiteiro inveterado. Me Siga no Twitter [@jmpsousa]. |
5 comentários :
Realmente.
8 de dezembro de 2011 às 13:20E além do nefasto "software" de manipulação de imagens, há sempre uma produção exagerada e "kitsch", que transforma a modelo por completo.
A artificialidade acaba com a beleza natural da modelo, priorizando, na maioria das vezes, um ar fatal e vulgar. A impressão que dá é que são mulheres e gays que estão por trás destas produções fotográficas!
Ah, e o seu amigo disse tudo: "a beleza torna-se secundária, quando a mulher tem pegada."
Sou do tempo em que técnica para corrigir o que eles chamam de "imperfeições" era colocar esparadrapo em algumas partes do corpo da mulher e fazer uma maquiagem por cima, camuflando o "inconveniente", rs.
8 de dezembro de 2011 às 14:33Hoje não se pode mais chamar isso de fotografia. Para mim, nada mais é que computação gráfica criando um personagem.
hahahhaa o leitor Marcus sabe de tecnicas que eu nunca ouvi falar. Eu corrijo minhas 'imperfeições' com base, po compacto e corretivo, dá pro gasto, mas sai com agua e sabão.
8 de dezembro de 2011 às 23:28Eu penso que o photoshop veio como uma demanda reprimida de quem vê/lê a(s) revista(s).
Hoje vocês reclamam, mas antes exigiram...
Prezado Zé, você tem toda razão... Essa paranoia pela perfeição que persegue as mulheres é que, paradoxalmente, faz com que as revistas masculinas estabeleçam um padrão de beleza que foge à realidade totalmente. Além disso, a mídia e a moda tentam impor estereótipos do que seria o conceito de beleza que, definitivamente, não corresponde ao que de fato o homem e a mulher acham que é. Sem falar nos excessos de uso de softwares, o que leva a absurdos e erros como os citados no post, criando seres que mais parecem bonecos e bonecas de plástico (o que, para alguns, pode ser também um fetiche...).
9 de dezembro de 2011 às 07:59Coqueiro, sua referência à questão da maquiagem e caracterização dos ambientes nas fotografias foi muito pertinente.
#Harley Coqueiro, tá cada dia mais difícil saber o que ou quem é real.
9 de dezembro de 2011 às 15:08#Marcus Morais, essa técnica em não conhecia, gostei de saber.
#Iara, eu nunca exigi nada a não ser a naturalidade.
#The EDN, a vantagem é que agora sabemos que essas mulheres das revistas não existem de fato, na verdade foram fabricadas.
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