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Santos Reis

Wayne Rooney e o Brasil com “S”

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

 

 

 

Assim que a Seleção Inglesa conseguiu a classificação para a Copa do Mundo no Brasil, o craque Wayne Rooney, eufórico, postou no Twitter: "Que noite. Grande jogo e grande resultado. Nossos torcedores estavam incríveis hoje. Obrigado a todos". Em seguida, acrescentou a hashtag “#Brasil2014”, com Brasil grafado na versão portuguesa.

 

Wayne_Rooney_Harley_Coqueiro_Invicioneiros_English_Team

 

Imediatamente, um de seus fãs ingleses postou uma mensagem para lá de agressiva: “É Brazil, seu burro", corrigindo o ídolo inglês, com Brasil grafado conforme a Língua Inglesa.

 

Não se fazendo de rogado e sem devolver a ofensa, Rooney treplicou, limitando-se a postar a foto da camisa da Seleção Canarinho, contendo a inscrição “BRASIL”, abaixo do escudo da CBF.

 

Wayne_Rooney_Harley_Coqueiro_Invicioneiros

 

Essa confusão, que envolveu o craque inglês e o seu “fã” nas redes sociais, é para mim mais um exemplo dos infindáveis conflitos advindos de nossa Língua Portuguesa, que embora bela e rica, é uma Torre de Babel inacabável...

 

Eu não sou professor de Português e reconheço “os erros do meu Português ruim”, tal como naquela canção do Roberto. Entretanto, há muito eu tenho pregado que a nossa Língua Portuguesa poderia ser mais objetiva e mais coerente, não se detendo apenas às incontáveis regras e exceções gramaticais e ortográficas, que na verdade são decorebas e armadilhas até mesmo para os profissionais que têm a Língua como a sua ferramenta de trabalho.

 

Antes que alguém me tache de neoliberal, o nome do nosso país poderia ter sido etimologicamente grafado com “z”, tal como postou o fã de Rooney no Twitter. A letra “s” poderia ser usada apenas para o final das palavras no plural, além dos dois “ss” dentro dos encontros vocálicos, como na palavra “passar”, por exemplo, aposentando as cedilhas que só servem para mostrar o quanto a nossa gloriosa “Flor do Lácio” tem um pé atolado no arcaísmo.

 

Talvez eu esteja pegando pesado, mas a famigerada Reforma Ortográfica, a meu ver, só serviu para reforçar ainda mais a nossa condição de colônia, quando palavras como “assembleia” e “europeia”, por exemplo, que outrora recebiam acento agudo por conterem ditongos abertos, tiveram os seus acentos suprimidos para atender à forma como é falada em Portugal, que soam como se tivessem acentos circunflexos (“assemblêia”, “europêia”). Também não compreendo o porquê da palavra “heroico” perder o acento agudo! Ah, já sei: “palavra paroxítona terminada em ‘o’ não são acentuadas, blá, blá, blá”... E os fonemas das palavras pronunciadas no Brasil, como é que ficam?

 

Sei que o assunto é polêmico e não cabe nas duas colunas dessa crônica. Embora a ideia inicial dos reformistas busque a unificação da Língua para atender a toda Comunidade de Língua Portuguesa (Portugal, Brasil e ex-colônias portuguesas na África e Ásia), entendo que isso seja uma missão quase impossível. Nestes tempos de globalização, parece ser mais uma questão de interesse comercial que cultural.

 

E uma vez que as manifestações de rua estão tão em voga no Brasil, que tal uma revolução para lá de utópica: abolir a Língua Portuguesa e fazer nascer uma Língua Brasileira, mais acessível e menos confusa para nós, os brasileiros, e para os jogadores de futebol e seus fãs ao redor do mundo?

 

 

 

[Crônica publicada na Folha de Paraopeba, edição de Outubro de 2013]

 

Sobre o Autor:
Harley Coqueiro

Harley Coqueiro - Advogado e Jornalista. Chargista e Cronista da Folha de Paraopeba. Fã de Beatles, de thrillers policiais e da boa comida mineira.

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3 comentários :

The EDN disse... Responder comentário

Caro amigo, o tema é polêmico. Não vou me aprofundar nas suas sugestões, pois, enquanto fenômeno e identidade cultural de um povo, a língua não se restringe à questão ortográfica. Há aspectos fonológicos, etimológicos e diacrônicos que devem ser considerados e, por isso, reformas não muito simples de serem feitas. E, adianto-lhe, não é particularidade da "última flor do Lácio". A língua inglesa traz também vários exemplos similares aos que você elencou. Quanto ao Rooney, parabéns pelo Brasil com "s".

30 de outubro de 2013 às 13:58
Os Invicioneiros disse... Responder comentário

A língua pátria e suas várias nuances sempre causando embaraços.

7 de novembro de 2013 às 09:43
Harley Coqueiro disse... Responder comentário

O Senado já acordou para esse problema: http://www.otempo.com.br/super-noticia/senado-discute-extinguir-a-letra-h-e-trocar-o-ch-por-x-1.901576

18 de agosto de 2014 às 19:40

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