O Brasileirão de 2010 está chegando ao fim e, como não poderia deixar de ser, não deve acabar sem polêmicas...
Se já não bastassem as tensões dos líderes Fluminense, Corinthians e Cruzeiro; o pânico na Zona do Rebaixamento e as arbitragens “prodigiosas”, outro mal já começa a manchar o campeonato: o “entreguismo”.
No Campeonato Brasileiro, porém, entendo que também pode ser empregado o termo “entreguismo”, no que se refere ao artifício utilizado por times de futebol, que consiste em “entregar” (facilitar) os seus jogos para outros times que concorram diretamente ao título contra os seus arquirrivais, retirando a possibilidade desses de serem campeões.
Vejamos: depois do jogo entre o Corinthians e o Cruzeiro, em que o meio-campista Roger, indignado com a arbitragem, conclamou os jogadores palmeirenses e são-paulinos a “entregarem” os seus jogos para o Fluminense, ficou exposta a ferida da atual fórmula de pontos corridos: o “entreguismo”.
Na partida entre o São Paulo e o Fluminense, por exemplo, vimos faixas de torcedores do tricolor paulista com o dizer “ENTREGA” (“sic”), para que os jogadores do time paulista “entregassem/facilitassem a vida” do Flu, e assim dificultassem a conquista do campeonato pelo Corinthians, arquirrival local.
Não podemos esquecer também a derradeira partida do Flamengo contra o Grêmio no Brasileirão de 2009 (em que o time da Gávea foi campeão) e que ficou marcada pela evidente apatia do time gremista, pressionado pelos seus torcedores para que “entregasse” o jogo para o Rubro-negro e tirasse do Internacional o sabor do título. Maldade dos torcedores gremistas? Pode até ser. Mas a culpa maior é dos cartolas da CBF que não entendem nada da paixão do torcedor e ficam ditando (e copiando) regras europeias.
Quer outro exemplo: imagine uma situação em que o Atlético-MG ou o Cruzeiro, que, além de si, dependessem da vitória do arquirrival para ser campeão. O que fariam os torcedores do Galo ou do Cruzeiro numa situação dessas?
[Eu creio que todos sabemos a resposta e é por isso que eu não vou atirar a primeira pedra!]
Particularmente, eu sempre preferi a fórmula antiga do Brasileirão, praticada até o ano de 2002. Havia uma fase classificatória (único turno ou turno e returno) e outra, eliminatória (mata-mata), fórmula esta parecida com a das Copas Libertadores e do Mundo FIFA. Tal fórmula propiciava aos times a chance de se classificarem até no 8º lugar e disputarem o título, como por exemplo, no Brasileirão de 2002, quando o Santos de Diego e Robinho conseguiu ser campeão, após classificar-se em 8º lugar e eliminar, com competência e talento, times melhores classificados. Aquela fórmula, ainda que digam menos “justa” que a atual, era sem dúvida, bem mais emocionante e não dava chances para o “entreguismo”.
É certo que a fórmula de pontos corridos premia o clube mais organizado, bem estruturado e com as contas em dia. Para se dar bem em pontos corridos, é preciso que o time esteja bem equilibrado (política, emocional e financeiramente) e desenvolva um trabalho com estabilidade e planejamento acima dos demais. É interessante lembrar que das 7 edições do Brasileirão no sistema de pontos corridos, apenas em 2005 e 2009, o campeão teve mais de um treinador, o que comprova a tese da estabilidade e planejamento. O senão é que esse sistema deixa de lado a emoção das disputas diretas, além de ainda dar chances aos times de se utilizarem do nefasto “entreguismo”, que nada tem de “fairplay”.
E uma vez que dificilmente será abandonada a fórmula dos pontos corridos, caberia então sugerir à CBF, em nome da saudável desportividade e para se evitar o tal “entreguismo”, que os clássicos regionais fossem disputados na última rodada do campeonato, o que diminuiria as chances de times arquirrivais “entregarem” os seus jogos justamente na última rodada, quando o campeão em potencial já se encontra com mão na taça.
5 comentários :
Boa, Coqueiro!
24 de novembro de 2010 às 14:54Se houvessem clássicos regionais na última rodada, certamente não haveria esse risco e, sem dúvida, o campeonato ficaria muito mais motivado. Mas aí é que está o problema: arranjos para beneficiar determinados "queridinhos" da CBF, da grande mídia e da Comissão de Arbitragem ficariam mais difíceis.
Não concordo que a forma antiga é a melhor, um time que durante dois turnos ficou em oitavo não pode ser campeão, é um desrespeito e injustiça com quem se preparou e foi melhor durante toda a temporada. Já quanto a deixar clássicos regionais para o fom a isso eu concordo. Seria melhor pois imagina só os rivais mesmo em situação inferior poder atrapalhar seus rivais de forma direta e não covarde do entreguismo. E a arbitragem sempre foi ruim desde a outra forma de campeonato, e o entreguismo também não é de agora era feito nas rodadas finais do segundo turno.
24 de novembro de 2010 às 15:59O torneio de pontos corridos é o melhor para campeonatos,mais justo. Quem gosta de mata-mata no primeiro semestre tem copa do Brasil.
Isto depende de muitas coisas, além da rivalidade.
25 de novembro de 2010 às 01:10Há no passado uma última rodada que o Galo classificou o Cruzeiro ao derrotar o Palmeiras fora de casa.Todos apostavam que o Galo entregaria o jogo, mas nao tinha nada a perder e nem a ganhar na ocasião. Jogou bem e venceu....
Olá Harley,
25 de novembro de 2010 às 07:50O meu nome é Margarida e sou a Responsável de Comunicação do projeto Paperblog.
Gostaria de perdir desculpa por deixar um comentário no blog, mas não encontrei outra forma de entrar em contacto (o link de contato deu erro várias vezes). Venho convidá-lo para conhecer o projecto Paperblog: http://pt-br.paperblog.com/ cuja missão é valorizar e dar a conhecer o trabalho dos bloggers.
Gostariamos que o seu blog fizesse parte deste projecto, uma vez que os seus artigos são muito interessantes e, tenho a certeza, que agradariam aos nossos leitores.
Com os melhores cumprimentos,
Margarida
Responsável de Comunicação
margarida [at] paperblog.com
http://pt-br.paperblog.com/
Twitter: #PaperblogBrasil
The EDN,
25 de novembro de 2010 às 09:55Concordo contigo: no Futebol, infelizmente, prevalecem outros interesses...
Erlon,
Conforme eu constei no texto, tanto na fórmula anterior quanto a atual, há os prós e os contras.
Hugo Meira,
Lembro-me bem desta partida. Mas eu tenho dúvidas se fosse o título do campeonato que estivesse em jogo e a favor do Cruzeiro, se o nosso Galo venceria o Palmeiras...
Margarida,
Os Invicioneiros sentem-se honrados com o seu convite. Passei no paperblog e gostei do que vi. Inclusive já inscrevi o nosso blog lá.
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